Data da visita: 23/10/2018
Produção iniciada em: 03/11/2018
Local: Capela Dom Bosco
No cerrado, cimento arqueado e vidro
projetados para o esquecimento.
Magnificamente insignificante.
O cimento rígido e religioso
Feito pele seca descasca, cansada e sem graça.
Nenhum sinal de passagem humana
além do silêncio do vidro triturado de uma porta,
uma bituca de cigarro em sua meditação,
a pedra que sustenta um banco.
“Esses são os únicos bancos que não irão te roubar”- dizem de si mesmos.
Ecoa a lástima.
Espaço projetado para ninguém.
A mariposa fez casa no púlpito desejosa em alcançar as divindades,
mas elas se mantêm quietas e indiferentes.
Musgos e plantas surgem nas frestas e rachaduras.
Não havia sombra, apenas chão e o sol sobre nós.
Corpos dançaram em penitência
sob o sol rebatido pelo insalubre cimentado,
olhos vigilantes, intimidadores e fardados
e o silêncio da cruz em sua austeridade.
Resta a contemplação
Diante do óbvio esquecimento,
E a arquitetura deteriorando lentamente e insistindo em se dizer sagrada.