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  • Foto do escritorColetivo CEDA-SI

Piscina de Ondas by Thais Cordeiro

Brasília, 25 de outubro de 2018.



Pequeno Tratado de Violências Cotidianas

Pesquisa In Loco – Piscina de ondas, Parque da Cidade/DF



“Explorado” – Registro: Thaís Cordeiro, out/2018.

Investigado. Pesquisado. Analisado. Estudado. Observado. Entendido. Examinado. Averiguado. Abusado. Utilizado. Prevalecido. Usado. Aproveitado. Beneficiado. Visto. Lido. Discutido. Debatido. Aprofundado. Comentado. Explorado.


Meu primeiro contato com a Piscina de Ondas foi em 2018, como parte do processo de pesquisa do projeto: Pequeno Tratado de Violências Cotidianas. O Coletivo CEDA-SI realizou uma visita ao espaço, visto que tínhamos o objetivo de gerar produções multissensoriais a partir de um olhar atento e sensível para com as afetações do espaciais geradas em nossos corpos. A concepção da pesquisa dançada partiu do desejo de mover em locais abandonados, esquecidos pela sociedade, a margem, dançar na/com/para a invisibilidade de corpos arquitetônicos.


Lembro que chegamos no espaço em um grupo de sete pesquisadores, aparentemente o local estava fechado, até descobrirmos uma brecha ao redor, não tínhamos autorização para entrar, haviam seguranças próximos. No entanto, percebemos que os seguranças nos viram rondando o local, mas não queriam nos ver. A imagem que nos passavam era de: “Vai lá, ninguém viu vocês por aqui.”, e nós fomos. Entramos e... Uau! Um universo completamente paralelo no centro de Brasília, em meio ao Parque exuberante da Cidade.


O primeiro pensamento que me vem é que a natureza resiste. Brota, Cresce, floresce, fica, espalha, cai e renasce enquanto a arquitetura desmorona. Os musgos, escombros, lixo, animais mortos, grades, cadeados, petrificação, decadência, fiquei sem ar. Há muitos vestígios de corpos que passam ou habitam aquele espaço. É fétido e desumano. Há resistência de gente tão invisível quanto o espaço, de gente abandonada, de gente que, talvez, nem saiba que é gente como eu que estou aqui escrevendo, como você que se interessou em ler. A sensação que mais me acompanhou nesta pesquisa in loco foi o contato com a naturalização do trágico, neste momento me afastei da poesia da criação da pesquisa e me agarrei nas problemáticas sociais.


Tenho me perguntado muito fortemente, após a experiência na piscina de ondas, para onde temos levado a nossa vida social contemporânea. Será que o medo de perdas, ansiedade ou insegurança podem, de fato, nos levar a condições (des) humanas tão precárias? O abandono de gestão pública, de políticas públicas invisibilizam arquiteturas e seres humanos. Os corpos que por ali passam e deixam as suas marcas não querem ser vistos? Eu não os vejo ou não os quero ver?



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